O pinheirinho virtuoso

09/03/2010 07:02

 

      No canteiro de minha igreja, havia um pequeno pinheiro, encostado ao muro que separa o estacionamento do edifício vizinho e a rampa de entrada do templo. Devido às campanhas de readequação que nossa igreja vem passando, o canteiro acabou por ser desfeito para que houvesse maior espaço útil na rampa. Com isso o pequeno pinheiro teve que ser arrancado.

      Porém há uma história sobre aquela pequena árvore que ninguém nunca soube. Lembro-me bem do dia que meu tio Everli disse para que eu e meu primo Elom, escolhêssemos um dos 7 canteiros que a igreja possuía e plantássemos o pequenino pinheiro.

      Como sempre fomos muito ligados à terra, nos divertimos cavando o buraco que serviria para encaixar as raízes da pequena árvore. Após poucos minutos, o serviço estava terminado e o buraco havia sido aberto. Lembro que Elom agarrou o pinheiro e o ergueu até atingir a altura do canteiro, encaixando-o no buraco. E, antes de terminar o plantio, paramos por alguns minutos para descansar e verificar como ficaria a nova paisagem.

Somente naquele momento pudemos perceber que o pinheiro tinha um defeito, ele possuía um lado muito verde e bonito, e outro amarelado e seco. Talvez, na estufa de onde o pinheirinho veio, ele tivesse sido plantado de modo que somente um dos lados recebia a luz do Sol, enquanto que o outro, por permanecer sem esse contato, acabou ficando prejudicado. Após alguns instantes de análise, escolhemos o lado bonito para ficar à vista de todos, enquanto que o lado feio ficaria voltado para o muro, e fora do campo visual dos observadores. Desse modo, o pinheiro cresceu, ano após ano, enfeitando o canteiro da igreja, sem que ninguém soubesse de seu “defeito de fabricação”.

Nossas vidas são como aquele pequeno pinheiro, plantados no grande canteiro do mundo, fomos criados para enfeitar a grande rampa que leva os povos da Terra a Deus.

Com certeza, todos possuímos um lado bonito e viçoso, que recebeu maior cuidado e luz que vem do alto, e que se desenvolveu com maior facilidade. Porém, como o pinheirinho, também fomos dotados com alguns defeitos, sejam eles físicos, sociais, psicológicos ou de qualquer outra ordem. Estas nossas dificuldades naturais, nos foram ofertadas pelo Senhor, para que cada um soubesse que existe apenas um ser perfeito.

Algumas vezes, esses defeitos nos dão a sensação de que somos as piores e mais mal-sucedidas criaturas do universo, e muitas vezes, nos pomos a lamentar. Lamentamos não termos o cabelo liso, lamentamos por termos nascido pobres, lamentamos por estarmos em determinada situação física, ou financeira, e nossas lamentações acabam por nos fazer tão feios quanto nossos defeitos. Aos poucos, as pessoas não mais verão nosso lado bonito e bem desenvolvido, mas só poderão notar nossas fraquezas.

Devemos proceder como o pequeno pinheiro, desenvolver nossas qualidades, e não ficar nos lamentando por causa de nossos defeitos. Fazendo isso, todas as pessoas que passarem pela rampa também verão nossas virtudes, e se alegrarão com a paisagem.

Isto não implica, porém, em esconder nossos defeitos para que ninguém possa saber que eles existem, notem que, qualquer um que quisesse, poderia olhar o pequeno pinheiro pelo lado de trás, e verificar assim, todas as suas imperfeições. Mas, por estarem voltadas para o muro, elas não eram ressaltadas, o que fazia a vida de todos muito mais feliz.

 

Neto

1ª IPI de Limeira-SP

 


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