Abençoado como um saco de serragem
Certa vez, fui com meu tio e meu primo buscar serragem para a horta doméstica que meu tio tratava com tanto zêlo. Naquela época, eu tinha cerca de 10 anos, e meu primo, filho do meu tio, tinha por volta de 8.
Chegando no local, meu tio nos entregou um saco de estopa, e pediu que o enchêssemos com o máximo de serragem que pudéssemos, enquanto ele se encarregaria do outro saco.
Em poucos minutos, o grande saco estava repleto de serragem até a boca, e satisfeitos, corremos contar a boa notícia ao meu tio.
Após verificar a quantidade de serragem que havia no saco, ele, apanhando-o, nos lembrou que deveríamos enchê-lo até o máximo possível, e, para a nossa surpresa, após algumas poucas sacudidas, o nível da serragem havia baixado até quase metade do saco, pois os grãos haviam se acomodado com as sacudidas.
Surpresos, e um pouco frustrados, nos pusemos a pegar mais serragem no chão para completar o enchimento, porém, agora, cada vez que o enchíamos até a boca, repetíamos a façanha de meu tio.
Até que, após algum tempo, toda a serragem já se acomodara no saco e o seu nível já não mais diminuía com as sacudidas.
Felizes com o trabalho que havíamos realizado e com a lição que havíamos aprendido, fomos mais uma vez até meu tio, mostrar o saco que agora estava cheio.
E novamente para a nossa surpresa, ele nos mostrou, pressionando a serragem que estava dentro do saco com suas mãos, que deveríamos amassá-la para que coubesse um pouco mais.
Quase que desiludidos, continuamos o nosso trabalho até que não houvesse mais espaço para nenhum grão de serragem.
Com os dois sacos transbordando de serragem, voltamos para a casa de meu tio.
No dia seguinte, adubamos toda a terra da horta, e ainda sobrou mais que um saco para as futuras plantações.
Certamente você já conhece, ou pelo menos ouviu alguma vez o versículo 38 do capítulo 6 do evangelho de Lucas, que diz: "dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também".
Jesus nos fala sobre como devemos nos relacionar com os outros, porém, no relacionamento com Deus, por diversas vezes, podemos verificar a experiência exatamente inversa à citada por nosso senhor Jesus.
Deus, em sua infinita bondade, nos proporciona uma porção sacudida, recalcada e transbordante, sem que tenhamos feito qualquer coisa para merecê-la, na esperança de que sejamos gratos a Ele, nos esforçando por fazer a Sua vontade, e dando o melhor de nós mesmos na Sua obra.
Talvez você ainda não tenha percebido essa abundante benção divina que transborda em sua vida, porém ela está espalhada por onde quer que você vá.
Se você abre os olhos e pode enxergar, agradeça a Deus por isso.
Se você consegue escutar, ainda que levemente, o som de uma voz, ou de uma música, agradeça a Deus por isso.
Se as suas pernas conseguem sustentá-lo em pé, agradeça a Deus por isso.
Se o sangue corre em suas veias, agradeça a Deus também por isso.
Pense em quantas pessoas gostariam de fazer as coisas que você pode fazer, e ter as oportunidades que você tem.
Se ainda assim você não encontrar nenhuma benção em sua vida, lembre-se de todas as coisas boas que já aconteceram com você, até mesmo aquelas que te fizeram sofrer por algum tempo, para somente depois te ensinar alguma nova lição, e seja grato a Deus por isso também.
Perceba como sua vida está sacudida, recalcada e transbordante de maravilhas, como o saco que eu e meu primo enchemos de serragem.
Seja grato!
Neto
1ª IPI de Limeira-SP